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.Texto meu, que a revista 'Casa e Jardim' publicou em 2011...

É incrível como a profissão pode ser definida desde criança sem você ao menos se dar conta.Hoje,"amadurecida" e lembrando de décadas atrás,consigo entender como os jardins dos meus avós se "enraizaram" em mim.Lá, em Santiago, no Chile,existiam vários jardins,várias surpresas,várias possibilidades de encantamento.Havia uma parreira enorme que ficava tão cheia de uvas,que meus avós as distribuíam em caixas para os vizinhos.Embaixo dessas mesma parreira,meu avô Nino pintava seus lindos quadros e eu acompanhava tudo com meus primeiros lápis de cor...Engraçado que eu não consigo imaginar outra forma de apresentar meus projetos de paisagismo que não seja através dos meus desenhos coloridos com traços infantis...Sim, o traço continua infantil.
A minha bisavó Palmira gostava de cuidar do Jardim das Rosas.Somente ela podava as flores.Esse jardim era separado por um murinho baixo e existia um portãozinho de ferro.Fechando os olhos ainda consigo sentir o cheiro.Lembro que ela colhia as flores no avental para fazer os arranjos da casa, que ficava perfumada.
Já a minha avó Carmen,que era literalmente um doce, gostava do pomar.Eu me acabava junto com ela de comer cerejas direto do pé.E a cachorra da casa, a vira-lata Póla,acompanhava a gente o tempo todo.Nesse pomar existia também um forno de barro, onde minha avó fazia pão.(...)
Os jardins da minha infância eram uma mistura do melhor que pode existir na vida:o gosto das frutas, o cheiro das flores, do pão e da tinta a óleo do meu avô,mais o som da música clássica saindo da vitrola velha(de preferência Carmen de Bizet em homenagem à minha avó com direito à regência do avô e dança da neta), a cachorra correndo, e a liberdade e amor que toda criança deveria ter...(...)
Um jardim tem de servir para ser "vivido" com seus cheiros,cores,texturas,sombras e surpresas.É nele que podem acontecer coisas simples ou incríveis que influenciarão a sua vida inteira.Os jardins da minha infância definiram quem eu sou.E eu gosto de quem eu sou...E ainda dizem que jardim é supérfluo...
Claudia Muñoz
(texto publicado na revista 'Casa e Jardim" em 2011)

segunda-feira, 2 de abril de 2018

.O primeiro mês sem a Dona Wanda... ( Se pronuncia Guanda, NÃO Vanda, como ela enfatizava )...

Hoje completou um mês sem minha mãe... Foram somente 30 dias, mas parece que são muitos mais...Na minha fuga quase insana de manter a mente ocupada, fiz tantas coisas...Dois dias após a sua partida voltei ao Brasil e dois dias depois já estava em uma obra...Fiz reuniões, retomei projetos antigos, consertei coisas em casa, pintei paredes, desenhei,fui a lojas para clientes, comecei novos projetos,fiz mais e mais reuniões,editei vídeos, fui ao Ceasa de madrugada,comprei árvores,comprei flores...Fui ao Jardim Botânico...
Só sei que o tempo todo ela esteve comigo...Ela está impregnada em mim...Nas listas intermináveis que faço para não esquecer nada...No prazer que sinto ao olhar para o céu todas as manhãs...Na forma como arrumo a minha casa, sempre com uma trilha sonora...Na repentina predileção por músicas francesas...Na minha "tentativa" de ser "doce" com todas as pessoas que cruzam o meu caminho (muitas vezes o temperamento de Don Max prevalece...rs) ... Todos os dias quando acordo, a primeira coisa que vejo é uma foto dos meus pais...Eles estão sorrindo (eu lembro o dia que tirei essa foto deles em Viña del Mar) ...Se eles pudessem imaginar como esses sorrisos seriam importantes para mim no futuro...A cada amanhecer sinto a "FORÇA" e "HUMOR" do meu pai...e a "DOÇURA" e "DELICADEZA" da minha mãe...E assim, VIVO mais um dia... FELIZ...Sempre FELIZ...

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